volta depressa.
estou a começar a perder a forma
que está moldada pelos teus lábios.
a tua boca moldou-me o corpo,
e agora
as mãos já se desfiguram, as unhas perdem a cor
até as minhas unhas te precisam,
te amam.
te agarraram, pelo meio da ebulição dos momentos.
agarraram-te(me)
quando estavas, quando ias
quando vinhas.
os meus olhos ardem
se olho para outro que não tu,
o meu corpo arde: ressacado.
ressaco de ti, porque a tua pele não precisa da minha.
''és feito de flores'' lembras-te?
e eu sou louca;
louca por ti;
(não doente, louca) - os loucos não são doentes.
mas vem para pegares nas minhas mãos sozinhas,
levares-me a conhecer-te outra vez
como se nunca te tivesse tido.
vem,
começar de novo,
rejuvenescer da podridão do tempo que passou,
que continua a passar,
e que passará
por ti, por mim, por nós, por todos.
quero-te todos os dias mais.
a cores
a preto-e-branco,
de carne e osso.
e as tuas mãos,
com o dobro do tamanho das minhas (mãos de herói, mãos de ti)
que venham aquecer as minhas no frio,
venham no inverno
para assustar o vento,
e no verão
para assustar o mar.
deixa-te disso! deixa-te dessa solitária em movimento
e vem cá ter, vem cá parar
nem que seja por acidente.
já não conheço a noite se não fores tu a dizer-me o que ela é
sem roupa.
já não me conheço se não fores tu a dizer-me quem eu sou
com roupa.
e já não sei quem és tu se não fores tu a falar comigo
com os olhos.