a noite abraça-me
como um corvo agarrado a um corpo morto,
pendurado numa gaiola.
a notícia escura de que a solidão
não é só estar sozinho
embarca no meu rosto,
num rio intermitente e indeciso.
paro, olho a janela,
e tal leoa desnorteada a minha cabeça,
sem estar sequer sobre a terra,
uiva com as estrelas que se escondem nas nuvens negras.
todas as montanhas,
todas as aves
e
todos os plenos pedaços de vida
morrem com os meus braços.
não há mais ninguém aqui senão eu,
senão ele que me afaga os sentidos,
senão a brisa nocturna e cruel.