o relógio das nuvens tocou cedo,
quando respirava entre as almofadas, e os aromas
(a cama cheia de chuva)
não consigo deixar-te ir nas ondas do mar do tempo.
as flores pequenas dos campos voam,
em conformidade com a cor do céu.
eu voo também, junto-me à decisão de ser natural,
corto os braços e colo asas e apego-me ao luto das andorinhas...
porque
tudo morre, tudo pode voltar a morrer mesmo depois de morto.
porém, os raios que passam do telhado inexistente
iluminam as premissas de uma vida adormecida,
e ao sarar as linhas de um casulo do qual escorre sangue doce,
danço nos ponteiros desse relógio sem casa.
desvendo um mundo-mistério, desvendo a vida que me dás
que mesmo que não te seja devolvida é usada sem reserva.
encontrei um fugidio lugar,
o meu chão para os meus pés descalços.